A raiz do bruxedo do bruxo.



     No poema Ao Bruxo com Amor, o poeta Carlos Drummond de Andrade chama Machado de Assis de '"Bruxo do Cosme Velho". Sempre pensei, eu aqui, o filho da dona Ercília, que a origem do apelido era esta. Mas Drummond, descobri agora, em crônica para o diário carioca Correio da Manhã, de 11 de setembro de 1964, transcrevendo uma carta a Alceu de Amoroso Lima, desmente a autoria e cita os gaúchos Moysés Vellinho e Augusto Meyer como anteriores. Diz, porém, que não se deu conta quando criou poeticamente a expressão. Então é dele. 

     "Gratíssimo caro Alceu, pela deferência com que me distinguiu com seu discurso de saudação a Gilberto Amado, na Academia. Devo reconhecer, entretanto, que não me cabe a paternidade da apelação "Bruxo do Cosme Velho", dada a Machado de Assis. Antes de mim, sem que eu me desse conta na ocasião, usou-a Augusto Meyer. Mas o Meyer, consultado ao telefone, acaba de informar-me que também não é dele. Cunhou-a, em momento de inspiração, Moysés Vellinho, num ensaio hoje integrado em livro deste crítico. Somos três, pois, a aludir ao bruxedo do velho, superior, alíás, ao de todos os macumbeiros propriamente ditos. O melhor abraço." (Correio da Manhã, 11 de setembro de 1964 C.D.A.) 

      E, de todo modo, é importante notar que Machado viveu apenas a velhice e viuvez no Cosme Velho. Suas raízes eram o Centro e a Lapa, onde passou a maior parte da vida. E nunca saiu do Rio, apesar da visão de mundo magnífica que possuía. Passou alguns dias em Petrópolis, para não dizer que nunca viajou. 

     E estes três se inspiraram no mito de que Machado queimava originais não aprovados em um latão do quintal. E na qualidade do texto e do estilo, que atraíam, e atraem, o leitor.

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