2 de fevereiro, dia de Iemanjá. Gal Costa, de Dorival Caymmi, Caminhos do Mar.

     Todo ano eu lembro porque aprecio a matéria. Não sigo religiões afro-brasileiras, sou católico sambalelê, mas acho bastante poética a figura feminina que, segundo a crença afro, é a Rainha das Águas. Em Cuba, país de grande população afro, onde a divindade é chamada de Iemaiá, também há manifestações de homenagem, embora eu não saiba o dia. No Brasil, as manifestações mais fortes estão na cidade de Salvador.

     A bonita canção de Dorival Caymmi. Há várias gravações, mas é impossível escapar desta, a melhor. Gal Costa. Tentei achar alguma coisa mais atual, mas com qualidade não existe.

 

     Um detalhe novo e bastante interessante é que se reforça cada vez mais o conceito de Iemanjá como uma mulher preta. Até hoje todas as imagens e pinturas mostram Iemanjá como uma mulher morena, mas branca, o que é incoerente e fruto de cultura racista de séculos. Se a origem é africana, como pode ser morena? É o mesmo entendimento que se deu e se dá com a figura de Cristo, um judeu da palestina que por séculos foi pintado como louro de olhos claros. Até hoje encontramos retratos assim.